sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Geração Y

Geração Y

Quais motivos levam uma geração a compreender a geração seguinte como alienada?
O momento atual é oportuno para reflexões sobre as gerações, pois estamos vivendo uma circunstância singular em nossa história. Pela primeira vez cinco gerações diferentes de pessoas convivem mutuamente, em números significativos, de forma consciente, interferindo e transformando a realidade.
É preciso considerar que o conceito de geração em nossa sociedade atual estabelece um período de vinte anos como marco de separação entre as gerações.
Não podemos afirmar que a juventude é alienada sem que se qualifique o que se quer dizer com isso, no entanto essa idéia parece tornar-se lugar comum em nossa sociedade, a mídia parece incentivar a percepção de que os jovens são alienados dos fatos políticos e sociais de sua geração.
Em outras palavras formadores de opiniões, ou seja, jornalistas, novelas, filmes entre outros parecem acreditar que a juventude não pensa nada a cerca dos problemas mundiais.
Meu foco hoje são os jovens nascidos entre 1980 e 1990 que representam a chamada Geração Y. Esses jovens estão chegando agora à vida adulta e ao mercado de trabalho, e, portanto começando a interferir mais diretamente nos destinos da sociedade. São extremamente informados embora ainda não consigam lidar com toda essa informação de forma produtiva.
Eles nasceram de famílias estruturadas em um modelo mais flexível, no qual o convívio com os pais é bem diferente do que havia nas gerações anteriores. Ter pais separados deixou de ser uma raridade para ser uma possibilidade sempre presente consequentemente ter irmão de pais diferentes não é mais um fato estarrecedor. Sem contar com a influência múltipla de avós e tios. E, mesmo quando não tem pais separados esse jovem tem que aprender a lidar com a situação de ausência não apenas do pai, mas da mãe em seu dia a dia.
Apesar da ausência materna, não há registros que em alguma outra geração, pais tenham oferecido tantos instrumentos educacionais buscando tornar seus filhos mais competitivos no futuro, assim foi oferecido a esses jovens a melhor escola, o melhor curso de línguas, de natação, de futebol e outras atividades. Para muitos preparar seus filhos para um ambiente de alta competitividade tornou-se missão de vida.
Encontramos na tecnologia uma grande influência na educação dos jovens de hoje, o que também os distancia da geração anterior a Geração X.
A Geração Y é a mais conectada da história da humanidade e sabe usufruir toda tecnologia para obter relacionamentos mais numerosos e intensos. Não estou falando de relacionamentos profundos ou superficiais, refiro-me à amplitude.
O mundo para esses jovens é muito menor, barreiras de idioma são facilmente superadas, conhecer pessoas de outras nacionalidades tornou-se um passatempo comum através das redes de relacionamentos.
A Geração Y gosta de desafios, é criativa, rápida, usam recursos tecnológicos para criarem soluções para problemas que ainda não existem, não têm receio de mudar as coisas ou alterar a realidade.
Há grandes expectativas dos pais em verem os resultados de todo investimento realizado em seus filhos e, exatamente num momento em que há maior exigência na formação acadêmica para iniciar-se no mundo do trabalho encontramos poucos gestores dispostos a aceitar os comportamentos dos jovens da Geração Y.
Precisamos enxergar além do senso comum, pois esses jovens necessitam da compreensão por parte dos formadores nas escolas, nas faculdades, na mídia e nas igrejas, pois são parte de problemas apresentados pelo nosso tempo.
Somente a partir de um franco entendimento das oposições, dos dilemas e dos paradoxos que permeia a nova geração é que os formadores poderão esclarecer e orientar, sem, todavia apresentar respostas empacotadas e prontas para o consumo e principalmente sem procurar encaixar o comportamento dos jovens em padrões que foram construídos antes mesmo que eles nascessem.
Portanto, fica claro que os jovens de hoje não são alienados de seu tempo, mas pertencem naturalmente, ao tempo que lhes é próprio. É até engraçado dizer, mas foi justamente a parte madura da população que se alienou, não percebeu os novos valores desenvolvidos e incorporados pela juventude.
Tudo isso, no fim das contas é natural e inevitável.

Paula

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