quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Vamos dar tempo ao tempo?

Olá leitores, feliz 2011 para todos. E aproveitando esse clima de passagem de tempo vou falar um pouquinho do tempo. É tempo de coisas novas de boas venturanças, tempo de desejar, planejar...
E o tempo o que é o tempo?
Um passatempo, um produto anacrônico de uma sociedade dessorada, ou será um reflexo do pensamento sob multiformes modulações exprimindo de forma contínua, de modo inconfundível a alegria e a angústia, as certezas e os enigmas do homem?
Não existe uma resposta correta porque cada tempo tem sua resposta. Cada uma delas parciais em si mesmas e em conjunto, mais do que se anularem uma às outras, complementam-se, ajustam-se melhor a certos aspectos e acima de tudo correspondem ao que foi ou é possível.
Pensando num contexto de definição intelectual para o tempo podemos reproduzir as palavras de Fernando Pessoa “o que importa mesmo é esperar D.Sebastião, quer venha ou não”.
Apontar então para um caminho esperado e no tempo devido é o sinal. Iremos até ele num intervalo de tempo de ajuste de contas, pedindo socorro ao hoje e em toda essa complicação o tempo passa a ser música, dança e palavra...
O tempo distancia-se assim do registro que temos de nossas origens, e o nosso dia a dia torna-se eloquente e olhando à nossa volta vemos como ocupamos nosso espaço, nosso tempo. Tempo passível de reflexão, tempo que nos remete às lendas e histórias que contam com um poder mágico que nos relembram Ali Baba e Deuses do Olímpio.
Parece então que as relações que o tempo faz com outros tempos têm o poder de deflagrar realidades temendo o mundo criando poderes e superpoderes. Mesmo assim o homem fascinado pelo tempo do mundo vive e se move através dele, ora fortalecido, ora atenuado ao vínculo do tempo de sua vida.
Tempo é o fator que ora cimenta, ora fortalece o espaço que interpõe a vida. Assim, os homens, constantemente recordam-se de movimentos e percebem que cada coisa tem seu tempo, como um jogo de avanços e recuos entre momentos de certezas e angústias.
Participando da natureza da vida, o tempo é simbolizado e afirma a distância entre mundos e seres. Ao mesmo tempo em que se faz ambíguo diminui o espaço entre as coisas, sugere o arbitrário, a fragilidade de alianças e o limite da irredutibilidade de cada ser.
Não se pode falar numa definição de tempo, pois o que faz do tempo o tempo é a situação vivida, porque instaura um universo, um espaço de interação de subjetividade que escapa do imediatismo que configura a vida cotidiana.
Parece que o milagre do tempo se dá através do próprio tempo que ultrapassa a convenção dos significados das palavras.
O tempo é prova documental de nossas histórias, sejam elas fantásticas ou utópicas, seja de saudades ou apenas literárias. Nosso tempo não precisa ser verídico nem inverídico, tanto faz, pouco importa. Para quem vive com ficção ou não como poderia o tempo parodiar o tempo que anda na cabeça, na boca e no tempo de cada um?
Estou presa à vida, não se trata, portanto de banir o tempo, passado, futuro, o cotidiano, o hoje o aqui e o agora. Antes pelo contrário o tempo está sempre presente, no direito ou no avesso que se nutre na utopia ou na imaginação ancorada na realidade, ou nos labirintos da vida.
E como se o tempo fosse um constante passar a limpo, construindo um conjunto de tudo (passado e presente), precisamos dar tempo ao tempo.

Paula

Nenhum comentário:

Postar um comentário