sexta-feira, 3 de junho de 2011

Quero ser feliz e...

Criar um filho já não é fácil, educá-lo é muito mais desafiador. Devemos orientá-los sobre respeito, amizade, sexualidade e isso requer tempo e tempo é exatamente o que os pais não têm.
Como a sociedade contemporânea prega a felicidade a todo custo, ter um filho, hoje, tem sido muitas vezes, parte desse projeto, mas apenas como mais um elemento junto às outras aquisições. O filho nasce “para” os pais, então, ele não pode, assim, atrapalhar esse projeto, com a ameaça de falência desse objetivo tão faturado pela mídia: ser feliz acima de qualquer coisa. Nessa obsessão de realizar o projeto “quero ser feliz e nada irá me deter” os pais tornam-se cansados, exaustos por tantas providências que esse viver exige, e com isso não lhes resta tempo suficiente para o acompanhamento do filho.
Com a falta de tempo dos pais, os filhos iniciam-se cedo nas inversões de valores, pois aprendem tudo o que não necessitam para seu desenvolvimento social com coleguinhas mais descolados ou com traficantes etc. Muitas crianças crescem sem limites sofrendo assim de depressão e essas serão adolescentes extremamente problemáticos e adultos frustrados sem caráter.
Existe uma verdadeira perda da identidade, de valores e o pior é que ouvimos por ai, muitos pais dizerem “temos que acompanhar as mudanças do mundo moderno”. Que absurdo! Que conformismo! A conformidade é traço de quem não quer se envolver. É mais fácil deixar-se ser levado pela maré do que nadar contra ela. Televisão, Internet e Vídeo Games passaram a ser tranqüilizantes, é muito fácil largar a criança “quietinha” na frente dos aparelhos enquanto o dia passa e pais se preocupam com seus interesses.
Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, grande parte das nossas crianças é criada por babás ou avós. Assim o que acontece é que as pessoas e as gerações são distintas, e diferentes também são os critérios de educação. Os mais jovens não podem mudar as razões dos mais velhos. Os avós não estão mais para educar. Já educaram, bem ou mal, aos seus filhos. As babás estão ali para zelarem pela higiene, pelo horário de comida, para levá-los ao playground ou fazê-los dormir e só. Se os avós vão cuidar dos netos, o ideal é que haja um acordo entre as partes, para o bem da criança e de todos. Para isso, é necessário que entre os pais e os avós exista uma relação tranquila, específica e verdadeira, livre de ciúmes, em que reine o respeito às exigências e aos hábitos do outro.
Pais descansados, filhos livres. Como se trata de uma liberdade precoce, esta ainda não conta com a responsabilidade suficiente para acompanhá-la. Uma responsabilidade que primeiro tem de ser pautada na autoridade assumida pelos pais e gradativamente transferida para os filhos. Caro leitor,do jeito que a coisa anda é como se uma pessoa tentasse obter a oportunidade de fazer uma experiência, mas sem estar presente nela. De que experiências teríamos a ilusão de que não precisaríamos estar presentes e poderíamos, então, escapar? Vou arriscar uma: a de sermos pais? Que outras?
Caro leitor, acredite que também existem pais zelosos, mas este assunto é para outro dia.

Paula

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